Gestando a Visão
Inicialmente, toda criação passa por um período misterioso de gestação, onde existe somente escuridão e silêncio. É um período de expectativas.
TRANSFORMAÇÃO PESSOALMENTEPROPÓSITO DE VIDA


Inicialmente, toda criação passa por um período misterioso de gestação, onde existe somente escuridão e silêncio. Neste período, procuramos inspiração e visão do que queremos criar. É um período de expectativas.
É este período que é expresso em Gênesis 1:2: a expressão original em hebraico de ‘e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas’ nos remete à figura de um pássaro abrindo suas asas sobre um ninho, a fim de chocar seus ovos e proteger seus filhotes.
A escolha desta expressão pelo autor do livro indica que antes do mundo ser formatado, antes de agir sobre o caos, o Deus da criação moldou uma visão clara do resultado final do seu trabalho. Ele fez um planejamento cuidadoso de cada etapa envolvida e de seus resultados.
Somente após este período de gestação da visão, Deus emitiu a Palavra que deu início ao processo de moldar o mundo.
Sem uma visão clara do que queremos fazer com nossas vidas, não é possível haver criação. Como nos fala a sabedoria popular, não há vento bom para o barco que não sabe para onde está indo.
A visão pode ocorrer sem nenhuma intenção da nossa parte, de forma espontânea, não sendo algo que planejamos ou escolhemos. Isto raramente acontece na realidade, pois a nossa própria rotina e espaços de convivência tendem a criar um sistema fechado, onde nossas crenças e pensamentos atuais são continuamente refletidos de volta para nós e reforçados, e aquilo que é novo e diferente é repelido, sem ter a chance de criar raízes em nossa mente.
Infelizmente, o uso contínuo de redes sociais somente piora esta situação, pela criação de câmaras de eco. Os algoritmos e mecanismos de pesquisa dos principais sites da internet geram uma situação em que informações, ideias ou crenças são amplificadas e reforçadas pela repetição (eco).
Nossas próprias crenças iniciais são a semente usada para a criação desta casca protetora que nos cerca. Crenças diferentes são censuradas e desautorizadas, limitando gradualmente nossa visão de mundo. A grande ironia desta situação é que apesar de vivermos na época em que o conhecimento está tão facilmente disponível, os nossos próprios preconceitos e limitações iniciais nos impedem de acessarmos a sua totalidade.
Como um peixe que não sabe que vive dentro d’água até sair dela, nós também não temos consciência da ‘água’ ao nosso redor (composta por nossas crenças, memórias e pontos de vista) até ‘sairmos’ dela.
Uma das experiências mais chocantes que uma pessoa pode ter é viajar para fora do seu próprio país. Ela descobre que as pessoas de fora não tem somente uma linguagem ou alimentação diferente da sua, mas principalmente, uma visão de vida completamente distinta. Repararmos nas semelhanças e diferenças com nossa cultura, nos tornamos conscientes do conteúdo da ‘água cultural’ na qual nascemos e vivemos toda a nossa vida até aquele momento.
Um dos momentos mais marcantes da minha vida foi minha primeira viagem ao exterior, como mochileiro na década de 1990. Após um mês de viagem, cheguei na costa do Pacífico, na pequena cidade de Mollendo, no Peru.
A cidade se encontra na beira do deserto de Atacama, com quase nada verde crescendo por ali. ‘Como pessoas podem escolher viver em um lugar assim?’, pensei comigo. Ao ficar ali por alguns dias, comecei a ver que as pessoas tinham uma relação com a terra, o oceano e umas com as outras que era completamente diferente de qualquer coisa que eu havia experimentado no Brasil. E era uma relação muito boa.
Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a modéstia com que as pessoas se vestiam ao ir para a praia. Enquanto no Brasil, a moda era se bronzear, expondo o corpo ao sol ao máximo, ali as pessoas se protegiam, cobrindo-se com calças soltas com comprimento até o joelho e camisas de manga para entrar no mar. Era como se eu tivessem voltado 50 anos no tempo!
Esta experiência foi uma revelação para mim: naquele lugar, o alienígena que não se encaixava era eu! Isto me abalou: por que fazemos as coisas do jeito que fazemos no Brasil? Por estar envolto na cultura brasileira toda a minha vida, eu nunca tinha ao menos parado para pensar se havia outras formas de viver e experimentar o mundo. Será que a minha forma era a melhor? O que existia lá ‘fora’?
O verdadeiro encontro da visão envolve uma experiência nova e muitas vezes transcendente. Quando ocorre, nos sentimos arrancados dos nossos costumes cotidianos e lançados em uma esfera de assombro. Nos sentimos conectados a fonte poderosa de energia. Sentimos clareza, enxergamos sentido e certeza sobre as coisas.
Esta experiência poderosa nos abre novas possibilidades, quebrando nossa autolimitação e nos dando novos pontos de referência a respeito do que é possível fazer em nossas vidas.
Ela nos dá força e motivação para tomarmos ações assertivas em nossas vidas, para criar ou fazer algo novo. Ações e sonhos que nos pareciam impossíveis, de repente se tornam próximos, factíveis e se encaixam perfeitamente dentro da nossa capacidade.
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