Co-Criação
Para nossa mente, as ideias são a realidade e nosso mundo é feito de sombras (e não o contrário).
TRANSFORMAÇÃO PESSOALMENTEPROPÓSITO DE VIDA


Para nossa mente, as ideias são a realidade e nosso mundo é feito de sombras (e não o contrário).
Segundo o escritor J. R. R. Tolkien, no seu ensaio ‘On Fairy-Stories’ [1] (Sobre Estórias de Fadas, em tradução livre), o ser humano compartilha com Deus a capacidade de criação de mundos internos (visões), uma sub-criação, que ele chamou de Mundo Secundário (em contraposição à nossa realidade externa, chamada de Mundo Primário). Da mesma forma que o Criador, podemos emitir palavras a partir da nossa visão interna e nos tornarmos cocriadores no mundo externo.
O homem, no papel de cocriador, ao emitir uma palavra de criação, traz a realidade do que está dentro dele ao mundo exterior. Como a primeira palavra do Deus da criação atingiu as trevas e gerou luz, nossas palavras atingem o mundo material e geram mudanças.
A ideia complexa que havia dentro de mim, quando pronunciada, já não é mais só minha, mas foi compartilhada com o mundo. Esta palavra pode adentrar outras mentes e alterar os processos internos de outras pessoas.
As grandes ideias da humanidade somente tomaram corpo ao serem emitidas e reverberadas dentro da mente de muitas pessoas. Palavras se transformam em ações e estas impactam nosso mundo.
Todos sabemos como uma palavra começa, mas não temos ideia de como ela irá se desenvolver no mundo à nossa volta. Por isso devemos ter cuidado com as palavras e ideias que expressamos, uma vez que o seu impacto pode ser grande. Esta questão é realçada posteriormente nas escrituras judaicas, no livro de Eclesiastes:
Que a sua boca não se precipite, nem se apresse o seu coração em pronunciar uma palavra diante de Deus. Porque Deus está nos céus, e você, aqui na terra. Portanto, sejam poucas as suas palavras.
(Eclesiastes 5:2)
Nós geramos ambientes negativos ou positivos pelas palavras que emitimos, pois elas interferem não somente nos processos cognitivos das pessoas ao nosso redor, mas também os nossos próprios processos internos, em um loop de feedback, uma retroalimentação.
O que ouvimos nossa boca declarar entra primeiramente em nossos próprios ouvidos e reforçam a visão interior que deu origem àquela palavra. Este reforço pode criar uma catapulta para nos ajudar a crescer ou pode ser uma armadilha que nos joga em um lamaçal de medo e autocomiseração.
Não despreze a força da palavra falada. Ideias penetram nosso mundo interior através do que outros falam de nós e para nós, através de músicas e outras mídias. Esta corrente contínua de informações e visões molda e delimita nosso mundo interior, formatando a capacidade e escopo dos pensamentos em nossa mente.
Crianças são especialmente vulneráveis a este processo, principalmente quando ouvem palavras dos pais e outras figuras de autoridade, por não terem processos defensivos contra ideias e emoções nocivas. Todos conhecemos e convivemos com os estragos que palavras venenosas escutadas em nossa infância causaram em nossa psique.
A palavra de criação é uma palavra poderosa, que tem autoridade: as pessoas percebem que não é uma declaração qualquer, uma mera repetição do que já passou, mas que tem um peso diferente. Ela tem o peso de uma verdade e uma antecipação de algo novo e potente.
Sabemos instintivamente quando encontramos uma palavra nova. Sentimos o seu poder, pois é capaz de estilhaçar nossa visão de mundo e nossas crenças confortáveis. Na maior parte das vezes, ela vem carregada de emoções fortes e abalam nosso coração.
Nós podemos abraçá-la ou repudiá-la; mesmo assim, alguma consequência dela teremos em nosso mundo interior. Quando tocamos algo novo, somos obrigados a lidar com aquilo e mesmo sem querer, este processo nos transforma.
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